Melitta: do desprezo à revolução no café

Falamos um pouco sobre a queridinha dos baristas e coffee lovers, a V60, mas agora é hora de voltar no tempo e contar a história de um método que muita gente deixa de lado — e sem um bom motivo. Muita gente torce o nariz achando que ele é "simples demais", e talvez essa seja justamente a razão do café sair sem graça.

Estamos falando da Melitta. Muita gente conhece a marca só como aquela dos filtros de mercado e café tradicional, mas a real é que ela revolucionou a forma como preparamos café no mundo todo. Então cola com a gente nessa história e, quem sabe, depois disso você não dá uma segunda chance pra esse método clássico?

Uma dor que revolucionou o café

Lá no comecinho do século XX, o café já fazia parte da rotina nos lares do mundo inteiro. Mas a forma de preparo era bem diferente — sem os recursos e métodos que temos hoje. Era tudo bem no estilo “casa de vó”: café feito em filtro de pano, que além de ser difícil de limpar, acabava guardando resíduos e amargando a bebida.

Foi aí que entra em cena Amalie Auguste Melitta Bentz, uma dona de casa da cidade de Dresden, na Alemanha, que simplesmente se cansou de ter que lidar com esse perrengue todo dia. Ela queria uma forma mais prática e limpa de preparar seu café.

Conta-se que, movida pela vontade de resolver esse problema, Melitta pegou uma caneca de metal, fez furos no fundo pra deixar a água passar, e como filtro improvisado usou papel de caderno de um dos filhos. Com isso, ela criou o embrião do que viria a ser o primeiro filtro de papel para café.

O experimento deu tão certo que, em 1908, Melitta registrou a patente da invenção. Foi o primeiro passo rumo a uma nova era no preparo de café.

De Dresden para o mundo

A invenção foi ganhando forma e, com o tempo, a pequena produção caseira se transformou em uma empresa familiar. Em 1937, o design do porta-filtro foi aperfeiçoado e padronizado, com um modelo que lembrava mais o que conhecemos hoje.

A marca enfrentou desafios durante a Segunda Guerra Mundial, com parte de suas operações interrompidas. Mas isso não impediu a retomada do crescimento: em 1962, a Melitta se tornou a primeira torrefadora de café da Alemanha, ampliando ainda mais sua presença no mercado.

Nas décadas seguintes, a marca não parou de crescer. Expandiu-se para diversos países, levou seus filtros e porta-filtros para supermercados do mundo todo e se tornou um símbolo do café feito em casa, especialmente na Europa e na América Latina.

Hoje, além dos filtros de papel, a empresa atua em diversos segmentos — de cafés torrados e moídos a máquinas automáticas, passando por acessórios e soluções profissionais para cafeterias.

Curiosidade: Melitta ainda é uma empresa familiar

Mesmo com sua presença global e milhões de produtos vendidos, a Melitta continua sendo uma empresa familiar até hoje, mais de 100 anos depois da sua fundação. A holding Melitta Group emprega milhares de pessoas ao redor do mundo, mas preserva aquele espírito original de resolver problemas do dia a dia com simplicidade e inteligência.

Ah, e mais uma: sabe aquele tradicional filtro 102? Ele é um dos modelos mais vendidos no Brasil até hoje, e ainda é fabricado com os mesmos princípios da invenção de Melitta — simplicidade, praticidade e um café limpo e gostoso.

E aí, bora dar uma nova chance pro método Melitta? Pode ser que aquele café de gosto sem graça não seja culpa do filtro, mas do jeito que a gente usa ele. Com atenção ao preparo e um bom café, até os métodos mais simples podem surpreender!

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