O extraordinário no simples ato de preparar café

Imagens criadas com I.A.

Quantas vezes já ouvimos falar em gastronomia afetiva? Aquele prato que desperta carinho, mas que, no fundo, carrega mais do que sabor — carrega memórias. Não é só sobre o arroz de leite do sogro, o biscoito que só a sua mãe sabe fazer, ou o arroz com galinha que sua esposa ama porque é você quem prepara. É sobre quem esteve ali, preparando, servindo, cuidando.

Já pensou que o café pode ser isso também?

Hoje, não vamos falar de métodos ou técnicas. Vamos falar sobre ritual. Sobre o cuidado, o afeto, a entrega. Sobre o extraordinário escondido no simples ato de fazer uma xícara de café.

O cuidado começa antes da água ferver

Se você estiver com uma xícara de café especial nas mãos, talvez nem imagine o quanto de **cuidado** veio antes de você. Desde o preparo do solo, o cultivo, a colheita, o beneficiamento… o produtor cuidou de cada etapa com atenção e propósito. E qual propósito? Entregar a você a melhor história daquela fazenda.

Por que, então, não fazer o mesmo no preparo?

Aqui, não estamos falando de seguir regras técnicas com rigor. Estamos falando de esmero. De parar por alguns minutos para viver o momento com presença. Em meio a tanta informação que recebemos de todos os lados, talvez você nunca tenha pensado nisso porque o café virou ferramenta: um “botão de energia”, a gasolina do dia e você não conseguiu ouvir esta história da melhor maneira no meio do barulho do mundo. E tudo bem — essa função pode continuar existindo.

Mas e se, ao lado dela, você adicionasse também a pausa consciente?

O café como pausa

Preparar café pode ser mais do que esperar a cafeteira apitar. Pode ser um momento só seu. Uma escolha deliberada:

“Hoje eu quero aquele mais frutado.”

“Quero um café mais doce.”

“Vou testar esse aqui com uma moagem diferente.”

Ali já começa o ritual. Você presta atenção. Você se envolve. Moer na hora, pesar, sentir o cheiro da água molhando o pó. Acompanhar a extração como quem observa uma dança.

E então, quando a xícara estiver cheia, ouvir o café. Sentir o que ele está dizendo. Talvez ele te conte algo sobre como melhorar o próximo preparo. Talvez não diga nada — e tudo bem. O silêncio também faz parte da pausa, mas o importante aqui é parar, contemplar, uma ode a àquela xícara de café.

Imagens criadas com I.A.

Viver o momento

Esse ritual não exige cenário perfeito. Às vezes, a pausa vai ser em casa, com calma. Outras vezes, vai ser no carro, no caminho pro trabalho e outras tantas não vai ter como pausar, mas ele vai estar ali te acompanhando. O importante é estar presente em cada um desses momentos. Não transformar o café em pressa. Mas transformá-lo em memória.

Sabe aquela frase: “aquele café da vó”? Talvez seja hora de preparar “aquele café do Bruno”. Ou do João. Da Luana. De quem viveu aquele instante com carinho, com intenção.

Porque o café especial não é chato. Não são práticas. É presença. É cuidado. É memória.

E é por isso que o nome do produtor está na embalagem. Porque pessoas marcam pessoas. Se um café te emocionou, o nome dele vai ficar. O nome da pessoa que cuidou daquilo até chegar em você.

Então, quem sabe na próxima xícara você coloque um pouco mais de atenção. Um pouco mais de entrega.

E transforme o ordinário em extraordinário.

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