O que é que a torra tem? Como o grão verde vira a bebida que a gente ama

Imagens criadas com I.A.

Se você já nos acompanha por aqui, provavelmente já sabe que o café percorre um longo caminho até chegar na sua xícara: começa na fazenda, passa pelo beneficiamento… e agora é hora de falar de um momento fundamental nessa jornada: a torra.

É aqui que a mágica acontece. O que antes era uma sementinha verde e sem aroma, começa a ganhar cor, sabor e o perfume irresistível que entrega: tem café passado na área!

Mas afinal, o que é torra? Quem faz isso? Como funciona? Por que é tão importante? Vem com a gente que a gente te conta tudo — sem mistério e com muito sabor.

Primeiro passo: amostragem

Tudo começa com a conexão entre a torrefação e o produtor. Lá na fazenda, é comum que o produtor cultive diferentes variedades de café — cada uma com características sensoriais únicas.

A torrefação faz uma curadoria inicial com base nas amostras recebidas. Pode ser por meio de uma visita presencial ou até numa conversa online. Depois disso, o produtor envia pequenas porções de grãos crus (chamadas de amostras verdes), junto com informações como: variedade, processo, altitude, terroir, umidade do grão, entre outras.

Com isso em mãos, o mestre de torra entra em cena: ele avalia todas essas informações e decide como conduzir os testes — temperatura, tempo, intensidade do calor em cada fase. É como uma receita, mas altamente técnica e sensível. Cada café exige um tratamento diferente.

Hora do cupping: provando o café

Depois que as amostras são torradas, é preciso descobrir qual perfil sensorial melhor representa aquele café. E aí entra o cupping — a famosa prova de café.

Funciona assim: organizamos todas as amostras em uma mesa, moemos os grãos, sentimos os aromas, hidratamos com água quente e esperamos. Em seguida, analisamos novamente o aroma (agora do café infundido) e, por fim, provamos. A partir dessas etapas, decidimos qual torra mais evidenciou as qualidades daquele grão.

Aqui também é quando definimos as notas sensoriais que você vê no pacote: florais, chocolate, frutas amarelas, acidez brilhante… tudo nasce desse ritual.

Imagens criadas com I.A.

A torra final: do teste ao grande lote

Com o perfil sensorial escolhido e a receita definida, começamos a torrar em maior escala. Algumas torrefações têm torradores de 5 kg, outras de 15, 30 ou até 100 kg — tudo depende do tamanho da produção.

O processo técnico é o mesmo, só muda o volume. Depois da torra, o café é resfriado, descansa por algumas horas (ou dias), e então é embalado, selado e enviado para seu destino: seja o supermercado da sua cidade, seja a sua cafeteria favorita.

Um brinde a quem faz o café acontecer

Às vezes, a gente esquece o tanto de trabalho que está por trás das coisas simples que amamos. A torra é uma arte técnica que exige sensibilidade, estudo e muita dedicação. Cada xícara de café é resultado do esforço conjunto entre produtor, torrefação, barista — e você, que valoriza esse trabalho.

Da fazenda até a sua casa, o café passa por muitas mãos — e cada uma delas deixa um pouco de si na bebida que te acompanha todos os dias.

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