As Regiões Brasileiras: Onde Nasce o Sabor

Imagem criada com I.A.

Quando a gente fala de café brasileiro, não estamos falando de uma coisa só — estamos falando de um país inteiro cheio de sabores, aromas e histórias diferentes. O Brasil é o maior produtor de café do mundo. São 35 regiões produtoras registradas pela BSCA (Brazilian Specialty Coffee Association), e 14 delas possuem registro de Indicação Geográfica. E isso não acontece por acaso: o país tem clima, altitude e solo perfeitos para o cultivo do grão. Mas cada região tem suas particularidades — e isso faz toda a diferença na xícara.

A bandeira brasileira como maior produtora de café foi hasteada por volta de 1850. Desde 1837, o café já era o produto mais exportado por aqui, chegando a mais de 1.200 toneladas embarcadas. Ou seja: podemos dizer com maestria que, de café, o brasileiro entende.

Vamos então às principais regiões cafeeiras do Brasil e o que elas têm de especial:

Minas Gerais

Minas é a maior potência do café no Brasil — são mais de 55 municípios produtores, com destaque para o Sul de Minas, o Cerrado Mineiro e a Mantiqueira de Minas. O Sul é conhecido por suas montanhas e clima ameno, que resultam em cafés equilibrados, com doçura natural, corpo médio e notas que vão do chocolate ao caramelo. É aquele café que abraça.

O Cerrado Mineiro foi a primeira região do Brasil a conquistar uma Denominação de Origem — tipo o "champagne" dos cafés. Com altitude elevada, estações bem definidas e manejo tecnológico, o Cerrado entrega cafés consistentes, limpos e com muita personalidade.

Minas tem uma vocação forte para exportação: são quase 1,1 milhão de hectares dedicados ao cultivo do café, e cerca de 90 países consomem os grãos produzidos por lá.

Espírito Santo

Na segunda posição do ranking nacional, o Espírito Santo representa cerca de 22% da produção brasileira de café. São mais de 435 mil hectares cultivados e aproximadamente 400 mil empregos gerados.

O estado é referência em café conilon, mas também tem se destacado no cultivo de arábicas especiais, especialmente nas montanhas do sul capixaba. O relevo íngreme exige colheita manual e um cuidado artesanal, resultando em cafés únicos, com perfis aromáticos e sensoriais que surpreendem.

Imagem criada com I.A.

São Paulo

A terra da garoa também tem chão de café. São Paulo ocupa a terceira colocação no ranking nacional e abriga uma das sub-regiões mais conhecidas do país: a Alta Mogiana — que compartilha território com o sul de Minas Gerais. São 23 municípios, sendo 15 paulistas e 8 mineiros, onde o relevo ondulado e altitudes entre 900 e 1.100 metros favorecem a produção de cafés encorpados, doces e com notas de frutas maduras.

Mas São Paulo não se resume à Mogiana. A Serra da Mantiqueira Paulista e a região Centro-Oeste Paulista, como Garça e Marília, vêm ganhando destaque nos concursos de qualidade. O estado mostra que tradição e inovação podem andar juntas na xícara.

Bahia

Pode parecer improvável para alguns, mas a Bahia tem se firmado como referência quando o assunto é café de qualidade. Embora ocupe a quarta posição em volume de produção, a Bahia foi uma das primeiras regiões a entrar no mapa do café no Brasil.

Regiões como a Chapada Diamantina, o Planalto da Conquista e o Oeste Baiano combinam altitude, irrigação de precisão e tecnologia. O resultado são cafés complexos, com acidez marcante, notas florais e até mesmo perfis tropicais. A Bahia é ousada — e isso aparece na xícara.

Brasil: Um continente em forma de café

O Brasil não é só o maior produtor de café do mundo — é também um dos mais diversos. Do arábica ao conilon, do Sul ao Nordeste, o que não falta é terroir e identidade. É impossível falar de “café brasileiro” como uma coisa só.

Então da próxima vez que você preparar sua xícara, pensa nisso: aquele café pode ter vindo das montanhas de Minas, da umidade das serras capixabas, das altitudes da Mogiana ou do sertão baiano. E cada um deles tem uma história pra contar — e um sabor pra revelar.

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